É bastante comum ouvirmos mães preocupadas com a ocorrência de refluxo em seus bebês. Mas o que é exatamente o refluxo?
O nome correto é Doença do Refluxo Gastro-Esofágico - DRGE (Esofagite de Refluxo), e é uma doença decorrente do fluxo retrógrado (refluxo gastresofágico) de parte do conteúdo ácido gastroduodenal para o esôfago, ou seja, o conteúdo do estômago e até do intestino (ou parte dele) retorna involuntariamente, desencadeando os sintomas muitas vezes intensos, e pode, se não diagnosticado e tratado adequadamente, evoluir, levando a lesões nos tecidos e/ou na anatomia do esôfago. Como a mucosa (revestimento interno) do esôfago não está preparada para receber este tipo de conteúdo, já que este é muito ácido, ocorre uma inflamação do esôfago, conhecida como esofagite.
A intensidade e a freqüência dos sintomas da DRGE não estão necessariamente relacionados com a presença ou gravidade da esofagite. Diversos fatores podem estar associados ao quadro de refluxo gastro-esofágico, sendo que os mais comuns são:
- Alteração da Motilidade Esofagiana: as ondas propulsoras que movimentam o esôfago apresentam-se alteradas, não permitindo um correto movimento peristaltismo do esôfago – movimentos peristálticos são uma série se contrações musculares normais, rítmicas e coordenadas que ocorrem automaticamente para movimentar entre outras coisas, o alimento pelo trato digestivo.
- Diminuição do tônus da musculatura do Esfíncter Inferior do Esôfago (EIE). Esfíncter é o nome dado a estruturas musculares, anulares, existentes em diversos órgãos ocos (bexiga, estômago, intestinos, etc.), e que, ao relaxarem-se ou contraírem-se, regulam o trânsito de matérias no interior desses órgãos. Na grande maioria dos casos ocorre relaxamento transitório do EIE, definido como relaxamento não relacionado à deglutição.
- Retardo do esvaziamento do estômago, causando dificuldade nas ondas de propulsão esofágicas, ou seja, o alimento demora a sair do estômago o que faz com que as ondas que movimentam a comida de um lugar para outro comecem a ficar fora de sincronia.
Quais são os sintomas do Refluxo - DRGE (Esofagite de Refluxo)?
A DRGE pode apresentar sintomas de diversas formas e intensidade. Variam desde discreta queimação retroesternal (queimação que vem do estômago e sobe até a faringe), passando por disfagia (dificuldade de deglutição), dor torácica, rouquidão, dor de garganta, pirose retroesternal com eructação ácida (quer dizer: aquela terrível azia com “arrotos” ácidos), halitose (mau hálito), excesso de salivação, tosse seca (semelhante à alergia), chegando até a simular uma dor cardíaca, em casos mais severos. Muitos adultos (cerca de 50% dos casos) que reclamam de dor torácica e pensam que estão enfartando, na verdade estão tendo uma crise grave de refluxo. Esta sensação ocorre devido à estimulação dos receptores dolorosos pelo ácido ou alterações motoras do órgão.
Hérnia de Hiato
A Hérnia de Hiato caracteriza-se por uma fraqueza do músculo diafragma. Este músculo divide o abdômen do tórax e é por um espaço neste músculo, conhecido por hiato esofágico que o esôfago penetra na cavidade abdominal. Devido ao alargamento deste espaço, uma parte do estômago desliza em direção ao tórax, o que se denomina hérnia de hiato.
A maioria dos pacientes portadora de DRGE apresenta Hérnia de Hiato. Nesta situação, o estômago muda a sua posição habitual e perde parte da sua continência esfincteriana (o esfíncter não consegue segurar o conteúdo), permitindo o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. É importante notar que algumas pessoas podem ter hérnia de hiato SEM apresentar sintomas de refluxo gastroesofágico, não necessitando de tratamento clínico ou cirúrgico.
O diagnóstico da DRGE (Esofagite de Refluxo) é feito meio do exame físico, o médico pode aventar essa hipótese diagnóstica e poderá solicitar alguns exames para confirmação (endoscopia, manometria esofagiana ou phmetria). A possibilidade de a DRGE apresentar complicações está relacionada com o período e intensidade do refluxo. Estes parâmetros devem ser avaliados pelo seu médico especialista, sendo algumas delas:
- Úlceras Esofágicas
- Estenose Esofágica
- Esôfago de Barrett
- Sangramento
- Aspiração Pulmonar
- Asma
Qual é o tratamento para a DRGE (Esofagite de Refluxo)?
Pode ser dividido em clínico e cirúrgico. O tratamento clínico consiste na mudança de alguns hábitos alimentares que possam estar associados ou agravando os sintomas. Os mais freqüentes costumam ser:
- Medidas comportamentais: esforço físico ou deitar-se após alimentação deve ser evitado. Mastigar bem os alimentos também é recomendável;
- Elevação da cabeceira da cama;
- Dieta: não devem ser ingeridas substâncias que promovem relaxamento do EIE (como café, gorduras, chocolate). Grandes refeições (volumosas) acompanhadas de muito líquido também devem ser evitadas. Medicamentos agressores da mucosa, como antiinflamatórios e alimentos em temperaturas extremas (muito quente ou muito gelado), também devem ser evitados;
- Medicamentos: têm a função de diminuir a secreção gástrica e melhorar a motilidade digestiva.
Nem sempre a cirurgia é a melhor alternativa para quem seofre de Refluxo. Atualmente, medicamentos extremamente eficazes que são capazes de controlar e até mesmo curar a DRGE, entretanto, que existem casos em que a cirurgia é a única solução, uma vez que a esofagite evoluiu para algum tipo de complicação. Mas lembrem-se que a correta avaliação dos sintomas, assim como a indicação ou não de um procedimento cirúrgico deve ser feita por um especialista.
Este lindo ruivinho é mais um amigo do Guille, o Ronan. Ele tem 10 anos e tb tem a Síndrome de Angelman. Como todos os bebês, ele chorou ao nascer, mamou e saiu da maternidade no dia seguinte. Porém, logo em seguida os problemas começaram, pois o Ronan foi um recém-nascido que chorava muito, dormia quase nada (umas 3 horas de sono por noite, basicamente) e tinha um refluxo gastresofágico severo, esofagite e com tudo isso não tinha uma amamentação muito prazerosa. Aos 3 meses foi introduzida na sua alimentação, a mamadeira como complemento do leite materno, que foi dada a ele até os 6 meses. Com isso, suspeitou-se que ele poderia ter uma alergia ao leite de vaca, pois tinha sintomas como, vômitos, pele irritada com derivados do leite e bronquite com a ingestão direta do leite. Devido ao refluxo gastroesofágico que se manteve até seus 4 anos e meio, foi realizada uma cirurgia de fundoplicatura do esôfago, que é a cirurgia que corrige o refluxo, com sucesso. Ele ficou com uma seqüela pulmonar temporária, que foi tratada com medicamentos, com o acompanhamento de uma pneumologista e com fisioterapia respiratória. Hj em dia é um menino muito saudável, que se alimenta muito bem e é muito feliz!
Amei ver meu anjinho neste lindo trabalho Adriana. Parabéns! Bjs.
ResponderExcluirBem explicado. Espero que consiga passar para o maior número de pessoas. Desejo tudo de bom a vocês!
ResponderExcluirAbraços