Guille

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Este é o Guille - o anjo com a "asa ferida"...

sábado, 27 de novembro de 2010

Botox – Uso terapêutico

Botox e a Síndrome de Angelman

Pode parecer loucura, mas é isso mesmo. Aplicação de botox nos músculos das pernas das crianças, para ajudá-las a manter o equilíbrio e a caminhar. Estamos tão acostumados a ouvir falar de aplicação de botox em uso cosmético que muitas pessoas nem imaginam que ele pode ser usado para uma infinidade de tratamentos. Recentemente vi uma reportagem sobre uma moça que sofria de hiperhidrose, que é um excesso desagradável de suor, que é realmente incômodo. Ela tinha nas mãos e pés; o suor pingava de suas mãos como se estivessem molhadas de água. Um cirurgião plástico fez a aplicação de botox nos locais certos e conseguiu reduzir significativamente a produção de suor pelas glândulas sudoríparas. Mas os efeitos do botox são temporários, e ela sempre terá que fazer novas aplicações de tempos em tempos.

Este é apenas um dos exemplos de como o botox pode ser utilizado de forma terapêutica.

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O Guille já fez aplicação de botox nas pernas, nas panturrilhas (conhecidas como “batata da perna”). O que acontece é que pelo problema neurológico causado pela SA, ele tinha o caminhar típico das crianças Angelman: andava de forma desequilibrada, de braços abertos e na ponta dos pés. Por isso que em inglês, a SA também é conhecida como “Happy Puppet Syndrome” ou Síndrome da Marionete Feliz. A situação dele estava ficando cada vez pior: o tendão encurtando cada vez mais, a musculatura da panturrilha atrofiando e isso acabaria trazendo problemas de coluna, como desvios e defeitos de postura. Se não fizéssemos nada, ele teria que se submeter a uma cirurgia chamada  TENOTOMIA DO TENDÃO que nada mais é do que uma cirurgia onde são feitos cortes no tendão que promovem seu alongamento (há várias técnicas que podem ser utilizadas).

Mas esta cirurgia nele seria impensável... se ele não deixa nem um Band-Aid no lugar, imaginem se ele deixaria faixas e bandagens... e tem mais: já que havia uma outra opção, por que não tentá-la antes?

Ele fez a aplicação na AACD daqui de São Paulo. Após a aplicação, houve o relaxamento da musculatura da perna que contribuía para este encurtamento do tendão. Ele teria que usar as goteiras (órteses) não articuláveis o tempo todo, até durante o sono. Também deveria reforçar a fisioterapia nesta região, aproveitando os efeitos do Botox. Porém a duração destes efeitos é de apenas alguns meses, e talvez ele precisasse fazer nova aplicação. Houve uma melhora sensível na postura dele. O calcanhar “abaixou” mais e ele começou a caminhar com mais equilíbrio. Ele ainda tem os calcanhares meio elevados e o encurtamento do tendão, mas preferimos investir nas sessões de fisioterapia e no uso contínuo das goteiras ao invés da cirurgia. Mas é uma questão pessoal e de indicação médica. Conheço uma linda menina Angelman chamada Elisa que fez a cirurgia e está muito bem.

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Achei uma reportagem muito interessante, falando do uso do Botox em crianças com paralisia cerebral e que obteve bons resultados, que abaixo transcrevo.

Inicialmente, a criança com paralisia cerebral tem dificuldades para adquirir posturas, como firmar a cabeça e sentar-se sozinha. Na maioria dos casos, o quadro evolui a espasticidade muscular - uma rigidez excessiva do músculo. A criança fica impossibilitada de esticar e relaxar a musculatura. Além disso, surgem problemas para a realização de movimentos, impedindo atos simples como sentar, andar, escovar os dentes, entre outras atividades.
A paralisia cerebral não tem cura. O tratamento alia o uso de medicamentos à terapia de reabilitação, que envolve equipe multidisciplinar, com grande destaque para o trabalho de fisioterapia. Nessa gama de opções, a toxina botulínica do tipo A (sendo o nome comercial mais conhecido Botox) tem se mostrado bastante eficaz e já é usada com sucesso há alguns anos no Brasil.

A popularização da substância no País aconteceu em decorrência de seu uso estético, contudo a toxina tem inúmeras indicações terapêuticas. O uso em crianças com paralisia cerebral é uma grande esperança de pais que desejam mais qualidade de vida para os seus filhos.

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A aplicação é feita através de injeção diretamente no músculo afetado, o que garante efeito mais localizado e reduz a incidência de efeitos colaterais, como ocorre no uso de medicamentos orais. "Em alguns casos pode ocorrer fraqueza no local da aplicação, mas é um efeito transitório", explica Delson José, coordenador do Centro de Referência em Desordens do Movimento da Universidade Federal de Goiás e membro da Academia Brasileira de Neurologia. "Por ser uma toxina, existe a possibilidade de formar anticorpos e ter alguma reação. Mas os casos são raros", avisa Alice Rosa Ramos, coordenadora de Reabilitação Infantil da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).

A toxina age relaxando a musculatura o que, dependendo do caso, aliado a um programa de reabilitação, proporciona uma boa movimentação. Esse "relaxamento" acontece porque o medicamento inibe a liberação de um neurotransmissor das células nervosas, a acetilcolina, que emite os sinais que provocam as contrações musculares involuntárias. "O potencial desse tratamento é muito grande, mas a oferta do produto ainda é pequena, nem todos têm condições de bancar os custos", conta Susan Hsin, pós-graduanda (em nível de doutorado) em Neurologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. "É importante frisar que o uso da toxina não traz benefício algum se não vier acompanhada de um programa de reabilitação", informa Alice.

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O número de aplicações varia conforme o quadro da criança. O profissional responsável faz uma avaliação, analisando o tipo de paralisia, quais são as lesões e as dificuldades e, a partir dessas informações, monta-se um plano de tratamento que indicará a quantidade de toxina necessária. "A dosagem a ser usada é calculada com base no peso do paciente", informa Susan.

Em média, cada frasco da substância custa R$ 1 mil. Em alguns casos são necessários quatro. Embora o custo seja alto, o resultado é rápido. Uma semana após a aplicação a criança começa a sentir os benefícios do efeito da toxina. "Sem dúvida esse tratamento foi um avanço. Antes da toxina, essas crianças eram submetidas a cirurgias ortopédicas que hoje são dispensáveis", informa Egberto Reis Barbosa, neurologista da Divisão Clínica de Neurologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. O Sistema Único de Saúde (SUS) cobre o tratamento, mas a quantidade do medicamento não tem sido suficiente para cobrir a demanda.

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RESULTADO TEMPORÁRIO
A qualidade de vida pode ser melhorada na maioria dos casos. Por exemplo, há situações em que a criança não tem o movimento de abrir e fechar as pernas. Ao aplicar a toxina no músculo responsável por este movimento, há um relaxamento da musculatura normalizando o funcionamento dos membros inferiores, permitindo assim a higienização adequada na região genital. O mesmo processo vale para os pacientes que, como seqüela da paralisia, têm as mãos fechadas. Apesar dessas melhoras, os médicos ressaltam que o efeito do medicamento é temporário, podendo variar de 4 a 6 meses, dependendo do paciente.

Outro benefício que a aplicação da toxina botulínica do tipo A pode trazer, para essas crianças, é a postergação da cirurgia do tendão. "Às vezes, o tendão tem uma retração muito grande e o remédio consegue relaxar esse músculo de forma a postergar uma cirurgia", lembra Delson José. Esse adiamento só traz ganhos para a criança. Dependendo da fase da vida em que é feita a cirurgia do tendão, pode ser necessário um novo procedimento após o corpo atingir seu desenvolvimento máximo. Assim, utilizando a toxina, essa situação pode ser evitada. Quando o caso é mais simples, o ato cirúrgico pode até ser descartado. "É bom lembrar que o medicamento também é usado para amenizar dores nesses pacientes", explica Susan.

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ESPERANÇA
Quando o tratamento foi apresentado no Brasil, as expectativas de a criança com paralisa voltar a andar aumentaram. Mas este é ainda um salto muito grande que, nem sempre, pode ser dado. "Existe um conjunto de medidas por trás, um projeto de reabilitação. Não podemos prometer que a criança vai voltar a andar", esclarece Delson José. "O medicamento não faz milagre. Se o caso for muito grave, dificilmente o paciente volta a andar. Mas o tratamento vai facilitar a vida", conclui Susan.

O tratamento e os objetivos esperados são diferentes para cada paciente. De acordo com os especialistas, toda pessoa terá algum benefício com a terapia, mas alertam, no entanto, que é proporcional à precocidade do tratamento. "Cada caso é um caso. Quanto mais cedo iniciar a terapia, melhores serão os resultados', afirma Delson. Segundo ele, uma retração sem tratamento pode gerar artrose. "Não é o procedimento que traz resultados espetaculares. Mas ele pode permitir, por exemplo, que uma criança que ande com o uso de apoio (muleta) possa andar sozinha", afirma Barbosa. "O mais importante é o resultado obtido. Trabalha o alongamento da musculatura, fortalecendo o local. Mesmo com o fim do efeito do medicamento, parte da reabilitação é mantida", atesta Alice.

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USO DA TOXINA É AMPLO
A toxina botulínica do tipo A começou a ser usada na década de 80 com fins terapêuticos. Os primeiros testes foram na área oftalmológica. O uso estético para correção de rugas, especialmente ao redor dos olhos, surgiu a partir dessas experiências. Pessoas que sofrem de distonia, bruxismo e até com problemas de salivação encontram nesse tratamento uma forma de aliviar a situação e ter mais qualidade de vida no convívio com a doença.

Nos Estados Unidos, o Botox (toxina botulínica do tipo A) recebeu a primeira aprovação do Food and Drug Administration (FDA) - órgão norte-americano que regula alimentos e medicamentos - em 1989, para o tratamento de estrabismo e blefaroespasmo, e desde então seguiram-se novas aprovações. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autoriza o uso da toxina desde 1992 para os seguintes tratamentos: espasticidade, paralisia cerebral, distonia, blefaroespasmo, espasmo hemifacial e estrabismo.

Então, antes de se decidir por um tipo de intervenção, pesquise, pergunte ao médico ou até busque uma 2ª opinião – tente saber se não existem outras formas de tratamento menos invasivas ou que sejam mais adequadas ao perfil da criança. Afinal a medicina está evoluindo a passos largos e a diversidade de tratamentos é cada vez maior - não podemos descartar nada. Já que nada paga o sorriso de felicidade estampado na carinha destes anjos!

Smilepainta

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